quinta-feira, 15 de março de 2012

Timidez

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 A Timidez ou o Acanhamento pode ser definida como o desconforto e a inibição em situações de interação pessoal que interferem na realização dos objetivos pessoais e profissionais de quem a sofre. Caracteriza-se pela obsessiva preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros. A timidez aflora geralmente, mas não exclusivamente, em situações de confronto com a autoridade, interação com algumas pessoas: contato com estranhos e ao falar diante de grupos - e até mesmo em ambiente familiar. A timidez é um padrão de comportamento em que a pessoa não exprime (ou exprime pouco) seus pensamentos e sentimentos e não interage ativamente. Embora não comprometa de forma significativa a realização pessoal, constitui-se em fator de empobrecimento da qualidade de vida. Deste ponto de vista, a timidez não pode ser considerada um transtorno mental. Aliás, quando em grau moderado, todos os seres humanos são, em algum momento de suas vidas, afetados pela timidez, que funciona como uma espécie de regulador social, inibidor dos excessos condenados pela sociedade como um todo, ou micro-sociedades. A timidez funciona ainda como um mecanismo de defesa que permite à pessoa avaliar situações novas através de uma atitude de cautela e buscar a resposta adequada para a situação.

Tipos de timidez

Existem dois tipos de timidez:
a) Timidez situacional: a inibição se manifesta em ocasiões específicas, e portanto o prejuízo é localizado (por exemplo: a pessoa interage bem com a autoridade e pessoas do sexo oposto, mas sente vergonha de falar em público);
b) Timidez crônica: a inibição se manifesta em todas as formas de convívio social. A pessoa não consegue fazer amigos e falar com estranhos, intimida-se diante da autoridade, tem medo de falar em público etc.
c) Timidez ´´Proposital``: Um termo designado a Misantropia.Neste caso a timidez vira um ``Sociopatismo enrustido``.Seria um radicalismo na timidez, `isolação social é pouco`.Um tímido legítimo tem vergonha de si mesmo, um misantropo tem vergonha da sociedade e por isso não se socializa. Um misantropo quer ser anti sociável e por causa disto se conhecer algum jamais tente fazer amizades, seja direto e jamais fale sobre mediocridades...
Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford, se refere ainda a outra espécie de tímido, aquele que não teme o relacionamento social, simplesmente prefere estar só, sentindo-se mais confortável com suas ideias e com seus objetos inanimados do que com outras pessoas. Esta seria a pessoa comumente chamada de introvertida, que tem muitos pontos em comum com o tímido e se torna vulnerável a transtornos de ansiedade.


Infância

Algumas crianças nascem com pre-disposição a serem tímidas, assim como outras têm predisposição para se tornarem hiperativas ou calmas. Mas, se uma criança com tal predisposição genética encontrar um ambiente propício para a timidez se desenvolver, isso certamente ocorrerá.
Não há unanimidade entre os estudiosos sobre quais sejam as causas da timidez na infância, variando as opiniões de acordo com a corrente doutrinária adotada por cada profissional.
O psicoterapeuta Ruy Miranda aponta que o papel dos pais é decisivo neste processo e a timidez certamente desenvolverá se um ou ambos os pais: a) forem eles próprios tímidos – a percepção depreciada de si mesmo é transferida para o filho; b) forem muito agressivos – o filho passa a perceber os outros como potencialmente hostis; c) submeterem o filho a constantes críticas ou humilhações silenciosas ou públicas – a auto-estima do filho é comprometida; d) criem problemas familiares que causem vergonha – se o pai bebe ou leva uma vida desregrada a criança ou o jovem pode carregar esta vergonha como parte de sua vida; o mesmo problema ocorre com a separação dos pais; e) tiverem um comportamento frio – pais que não exprimem seus sentimentos não ajudam os filhos a desenvolver a percepção de confiança em si próprios.
Em suma, a timidez deve ser vista como um traço do temperamento, com tudo o que ele implica, isto é, algo estável presumivelmente herdado, que aparece cedo na vida de numa criança e que provavelmente determina o posterior desenvolvimento da personalidade, da emotividade e da conduta social. Mas, apesar do peso da hereditariedade, este traço do temperamento poderá ser atenuado ou reforçado pela conduta dos pais e pelas experiências vividas pela criança na infância.

Adolescência

A timidez é mais comum na adolescência e, como vimos, independe de o adolescente ter sido tímido na infância. O quadro na adolescência, principalmente nos primeiros anos, pode se mostrar sério, mesmo quando na infância se apresentasse leve ou quase imperceptível.
O rápido crescimento por que passam os adolescentes pode fazer com que ele crie uma auto-imagem desfavorável de seu corpo, do todo ou de parte dele, mesmo que essa imagem distorcida não corresponda à realidade. Numa fase da vida em que a aceitação pelo grupo é essencial, esta distorção do corpo gera no jovem a insegurança de não ser bem visto pelos outros e favorece o reforço da timidez.
Este estado de insegurança se alterna, por vezes, com um estado de euforia, quando o jovem faz alguma coisa para mudar a parte do corpo que lhe causa desconforto (por exemplo, mudando o corte de cabelo ou fazendo regime para emagrecer). Este estado de euforia, no entanto, não costuma durar muito e logo, a insegurança e a timidez se reinstalam.
Este quadro não costuma perdurar quando o jovem entra na idade adulta, por volta dos vinte anos. A persistir, tem tudo para se transformar num quadro realmente grave de transtorno mental.

Causas físicas

Estudos mais recentes apontam causas físicas para a timidez. Pesquisas feitas nos Estados Unidos com crianças de até dois meses de vida, submetidas a tomografia computadorizada do cérebro, mostram que crianças tímidas apresentam mais atividade no lado direito do cérebro, enquanto crianças que não apresentam este quadro tem o lado esquerdo mais ativo.
A amígdala e o hipocampo são outros órgãos cuja ação é afetada pela timidez. A amígdala, considerada “o centro do medo”, parece estar conectada a situações estressantes, enquanto o hipocampo transmite os sintomas da timidez (tremura, suor, tensão muscular) para o corpo.
A Escola de Medicina Harvard realizou pesquisa com pessoas de vinte anos, que não demonstravam mais sinais da timidez sofrida na adolescência. Submeteu-as a tomografias computadorizadas enquanto lhes mostravam fotos de pessoas desconhecidas: todas apresentaram hiperatividade na amígdala.
A abordagem biológica da timidez possibilitará que esta seja tratada no futuro com remédios criados especificamente para atuar diretamente nesses sintomas físicos.

Formas patológicas

A timidez não é um transtorno mental. Mas a timidez crônica pode evoluir para uma patologia, principalmente quando o adolescente não consegue superá-la ao entrar na vida adulta.

Fobia social

Tem-se aí a fobia social, quando a pessoa passa a evitar todas as situações sociais que não lhe são impostas pela mais absoluta necessidade. Assim, compelida a garantir sua sobrevivência, a pessoa pode, com algum sacrifício, trabalhar, mas evita outras situações que exijam exposição social, como comer em restaurantes, falar em público ou usar banheiros públicos. Quando submetida a essas situações, suas reações físicas são mais visíveis e intensas, obrigando às vezes a uma internação hospitalar. Além das sudoreses e tremores comuns nos tímidos, o fóbico sofre de taquicardia, náuseas e desconforto abdominal.
O sofrimento de quem é acometido de fobia social é tão mais insuportável porque, no íntimo de seu ser, a pessoa anseia por manter um "relacionamento social", mas só não o faz porque uma intensa sensação de ameaça impede que isso ocorra.

Síndrome do pânico

Mais grave que a fobia social é o transtorno ou síndrome do pânico. Ao contrário da fobia social, não depende de nenhuma interação social ou mesmo da presença de outra pessoa para que se desencadeie o processo patológico, em que o paciente apresenta sensação de desmaio ou de morte iminentes.
Os ataques de pânico ocorrem aleatoriamente e o portador da síndrome pode passar longos períodos sem sentí-los, tanto que as primeiras manifestações são interpretadas como sendo apenas sinais de uma exaustão física ou uma decorrência do stress.

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